segunda-feira, 21 de novembro de 2016

A confusão da "causação": um estudo de caso para modelagem de ganho de peso

Se fosse fácil não teria graça
Nesses últimos três anos, certamente, apesar de não estar tão convicto, talvez por obra de minhas empreitadas pelos cálculos/álgebras/probabilidades/multivariadas, ou pela obsessão superficial sobre o método epidemiológico, mas com boa participação da conjuntura política internacional... O fato é que o conceito de confundimento em relações de causalidade não é nada simples para mim. Aristóteles bem que nos prevenira, e Descartes não pode ser o único culpado da histeria coletiva determinística da humanidade atual.

Tenho me dedicado ao estudo desse evento tão comum em observações de amostras populacionais. Bem como tenho dialogado com muita gente sobre o tema, e nesse ponto devo ser grato ao meu co-orientador (tutor de longa data, amigo de sempre), Prof Marcelo Castanheira.

Eis que me deparei com o Paradoxo de Lord, publicado em 1967, sintetizado no link abaixo. Um exemplo bastante conveniente, uma vez que trata de ganho de peso em universitários. Mas, especialmente, uma boa síntese do como a modelagem na análise de regressão pode interferir nas inferências de uma pesquisa. Ainda, do como um bom e simples modelo pode ser aplicado para simplificar a interpretação de relações causais sujeitas a variáveis confundidoras.

Lord’s Paradox in R


terça-feira, 8 de novembro de 2016

Ver para ter: vídeo aulas de estatística aplicada à epidemiologia

Recentemente estou me aventurando na luta das vídeo aulas. Há que se parabenizar aqueles que se saem bem nessa empreitada. A frieza de falar olhando apenas para uma tela de computador tem me causado ainda mais saudades das salas de aula cheias de... Pessoas!
A rede é um espaço de compartilhamento

No entanto, esse pode ser um recurso interessante. Tenho utilizado muitas das vezes de vídeo aulas para aprender, e sinto-me na obrigação de (ao menos tentar) retribuir nesse espaço. Mais que isso, tenho percebido que o vídeo é uma excelente alternativa para ajudar colegas e amigos que apresentam demandas sobre meu campo de trabalho. Nossa equipe do Projeto Modos de Vida atualmente cumpre a fase de produção de textos científicos e a interpretação de resultados de análises estatísticas tem sido um dos nossos focos nos encontros de capacitação.

Por tudo isso, meu canal já conta com alguns vídeos. Todos voltados especialmente ao esforço de construir formas simples de se analisar estatisticamente dados epidemiológicos. Simples, porém sem perder o foco no rigor que venho absorvendo em disciplinas e cursos de programas de pós-graduação em estatística.

De antemão, peço desculpas aos visitantes. Tanto a mesa digitalizadora quanto os próprios recursos de software para tais tarefas são um mundo completamente novo para mim. Portanto, ainda tenho muito a aprender nesse ramo.O máximo que posso garantir é um conteúdo sincero.

Atualmente, meu canal conta com os seguintes vídeos:

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Para ler Naomar de Almeida Filho

A mais recente obra de Naomar de Almeida Filho e Maurício L Barreto já se constitui numa transformação muito profunda em minha vida acadêmica. Suas propostas de quebras de paradigmas para a Epidemiologia são de fundamentação teórica muito bem construída, com pitadas de humor em diversas vezes que faz este autor merecer destaque também como uma "boca maldita".
Naomar e colaboradores convidam
epidemiologistas para quebras de
paradigmas em sua mais recente obra.

Em nossos atuais encontros de formação acadêmica da equipe do Projeto Modos de Vida (meu projeto de tese), por consenso deliberamos inciar pela conceituação um pouco mais rigorosa da Epidemiologia. Para tanto, me concederam a liberdade de eleger um texto básico que estimulasse o diálogo. Como já não poderia deixar de ser, fui buscar a construção conceitual de Naomar. Em impressionante uma página e meia ele e sua equipe de autores permitem uma viagem longa por um todo desta arte.

Para sistematizar o encontro pós-leitura, elaborei um roteiro de estudos. Tal roteiro consiste em 19 questões norteadoras, que vão desde o convite a uma leitura mais sistematizada, que se proponha a uma síntese dos principais elementos da obra, até provocações, articulações com práticas acadêmicas, motivações para o estudo da Epidemiologia e relações com outros saberes.

O roteiro foi planejado para um encontro de duas horas entre quatro pessoas. No entanto, a aplicação do mesmo permitiu avaliar que um tempo maior deverá ser concedido para um debate presencial a partir do material, especialmente em grupos maiores. Na ocasião de nosso encontro de duas horas, não foi possível um diálogo de toda a proposta do roteiro.

Creio que trata-se de material que poderá ser de algum auxílio a colegas, professores de epidemiologia, ou de outras disciplinas que demandam o conceito de tal arte. Embora uma minoria dos tópicos do roteiro possam demandar a presença de um articulador com um tempo significativo de experiência em investigações epidemiológicas, houve uma preocupação na elaboração de uma proposta de fácil linguagem, especialmente nos itens propostos para sistematização do texto. Assim sendo, a maior parte do roteiro poderá ser usado também por grupos que se dediquem ao estudo da Epidemiologia de maneira espontânea, por necessidades diversas.

Não posso deixar de explicitar minha gratidão aos verdadeiros motivadores para que eu elaborasse este material. Nossa equipe de trabalho no projeto Modos de Vida foi o alavancador crucial para a construção de tal roteiro. Por outro lado, nosso encontro para trabalhar o texto de Naomar foi bastante gratificante, e pôde ser avaliado como proveitoso para todos os atores envolvidos. Portanto, e por muito mais que isso, obrigado Daniella, Flávio, Mayara e Nathani, estudantes de graduação da Ufla. Meu agradecimento especial, também, à Prof Maysa Toloni, que desde a concepção do projeto Modos de Vida vem colaborando com decisivas orientações, e em especial por ter sido quem me apresentou a esses estudantes que cada vez mais me cativam, por sua competência, responsabilidade, envolvimento com as premissas do Modos de Vida e, cada vez mais, pela nossa amizade que vem sendo construída. Trabalhar cotidianamente com esse grupo tem sido um imenso prazer!

Texto básico para leitura prévia à utilização do roteiro:


ALMEIDA FILHO, N. DE; BARRETO, M. L.; ROUQUAYROL, M. Z. A Epidemiologia como Ciência. In: Epidemiologia & saúde: fundamentos, métodos, aplicações. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. p. 3–4.


Baixar o roteiro

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Do laboratório à favela: os fins podem (ou devem) ser os mesmos

Estou convencido (p<0,01): os fins justificam os meios, e a infinidade de caminhos não deve servir de julgamento para a intenção. A equipe do Laboratório de Genômica Nutricional da Unicamp provavelmente foi derradeira nessa lição que aos poucos vou assimilando.

No último dia 4 de dezembro estive reunido com cerca de vinte pesquisadores experimentais. Buscando soluções em conjunto, chegamos a problemas consistentes que foram além da frieza matemática da estatística (que não é nada disso). Debatemos custos de produção acadêmica, ética, aspectos técnicos, enfim... Discutimos a ciência, em seu mais belo sentido de produção do saber!

A equipe coordenada pelo irmão Prof Dennys Esper Cintra me cativou a ponto de buscar alguma documentação que sirva como um algoritmo para delineamento e análise estatística de um de seus experimentos. Na medida da análise crítica de outros leitores, creio que os códigos em R podem ajudar em outras demandas.

Baixar simulação

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Causalidade e inferência causal em Epidemiologia

A obra de Rothman e colaboradores (2011) atualmente pode ser considerada como um consenso de referência para a Epidemiologia em todo o mundo. Embora possa receber críticas, como por exemplo alguma tendência positivista ou mesmo a indução a estudos apenas quantitativos, trata-se de texto rigoroso e com bom grau de aprofundamento. Não obstante, Epidemiologia Moderna não é uma leitura simples. Requer algum grau de conhecimento e experiências prévias na prática epidemiológica. Ainda, exige consultas a outras fontes para um diálogo com os autores que permita um pleno usufruto do compêndio.

Minhas primeiras experiências na leitura de tal livro beiraram a frustração. Embora eu deva fazer a autocrítica de não ter me debruçado com a intensidade necessária para seu estudo, folheando-o entre noites como leitura de cabeceira.
Assim, já há algum tempo vinha buscando grupos que topassem a empreitada de, de fato, estudar Rothman. E eis que o Núcleo de Estudos Uma Saúde se apresenta. Nesta próxima terça-feira, a Prof Christiane apresentará um seminário sobre Causalidade em Epidemiologia, com fundamentação sobre Rothman. A recomendação para todos foi a leitura prévia do segundo capítulo da obra.

Perante a oportunidade de um bom diálogo, busquei uma estratégia de estudo mais sistematizada. Assim, elaborei um fichamento do segundo capítulo do livro, intitulado "Causalidade e inferência causal". O produto é uma série de transcrições fiéis de trechos da obra, focados nas propostas teóricas, excluindo-se os diversos exemplos que o autor se utiliza. Todas as citações diretas estão identificadas por suas páginas. Na maioria das vezes, teço comentários ou discrimino em poucas palavras a que se refere o trecho transcrito. Em algumas oportunidades, consultei outras fontes, em especial autores filósofos, para uma melhor compreensão dos conteúdos da obra, e as transcrevi com suas devidas referências formais.

Sendo assim, creio que este possa ser um instrumento que poderá auxiliar diversos grupos na compreensão de texto hoje tão crucial para aqueles que queiram mergulhar no rigor da prática da pesquisa em epidemiologia. No entanto, recomendo enfaticamente que leitores elaborem seus próprios fichamentos, e que busquem grupos de interesses comuns para o diálogo sobre tal obra.

Baixar fichamento do Capítulo 2 de Epidemiologia Moderna

domingo, 22 de novembro de 2015

Uma saúde

A diversidade das concepções sobre o conceito de saúde é de uma beleza infinita. Recentemente venho deleitando-me por conhecer cada vez mais a ótica da Medicina Veterinária.

Por meio de minha irmã, veterinária, Cecília Bissoli, conheci o Laboratório de Epidemiologia (Lepi) do Departamento de Medicina Veterinária (DMV) da Ufla. Sob a coordenação da Prof Christiane Rocha, uma equipe muito competente e motivada atua muito responsavelmente. Já havia aprendido bastante cursando a disciplina de Pacotes Estatísticos em Epidemiologia em meados deste ano. E agora tenho a chance de participar do recém criado Núcleo de Estudos Uma Saúde, pautado numa visão bastante holística, concebendo humanos e animais em harmonia no meio ambiente.

Minha primeira tarefa no Núcleo é a de moderar uma capacitação em Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável (SANS). Como apoio à prazerosa tarefa de dialogar sobre tema tão relevante em com uma equipe interdisciplinar, elaborei material que pretende sintetizar conceitos básicos para o debate.

Baixar texto sobre SANS.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Ponta de lápis, escrevo amor à vista: DCNT e transdisciplinaridade

Visitar a capital da terra das lagoas já é um prazer para qualquer um. Encontrar amigos sinceros torna uma viagem a Maceió uma renovação de energias. Trabalhar junto aos professores Bruno Reis, Dennys Cintra e Rafael Azeredo torna a iminente vivência ímpar na minha formação profissional e humana.

O curso sobre doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) será uma das atividades que realizarei em uma semana na Cidade do Sol. Um momento para uma maior qualificação de meu projeto de tese, que será exposto para o diálogo com diversas pessoas.

Como material de apoio ao curso, elaborei um pequeno roteiro focado em algumas ferramentas de coleta de dados para investigação de fatores de risco para DCNT.